Ishigakijima
Jima é a palavra japonesa para ilha, ou seja, o post é sobre a ilha de Ishigaki (e também sobre o Tufão Malakas....).
Este episódio é uma continuação deste post.
Os Mochileiros foram recentemente (salvo seja....) de lua de mel. O destino escolhido foi o Japão. Quando os Mochileiros estavam a desenhar o roteiro e a decidir que lugares visitar, saltaram-lhes à vista as ilhas da prefeitura de Okinawa. Como tudo na vida, uma verdadeira lua-de mel deveria conter um local paradisíaco. Pelo que decidiram visitar a ilha de Ishigaki, que com outras ilhas de menor dimensão compõem o arquipélago de Yaeyama.
Após duas noites em Tokyo, os Mochileiros rumaram ao aeroporto de Haneda (Tóquio) para uma viagem de avião até à ilha de Ishigaki. E que linda viagem que foi, algures pelo caminho começaram-se a vislumbrar as várias ilhas rodeadas por águas azul turquesa.
E chegaram ao destino. E não desiludiu.
Os Mochileiros lá foram desbravar essas ilhas do horizonte longínquo. A partir de Ishigaki é possível viajar de ferry boat para as restantes ilhas do arquipélago. A escolha incidiu na Ilha de Taketomi, por ser pequenina possibilitava que se conhecesse toda a ilha a pé ou de bicicleta.
Em Taketomi, os Mochileiros aperceberam-se da instabilidade do tempo. Muito calor, muita humidade, e de vez em quando fortes chuvadas. Taketomi é famosa pela sua comunidade que conserva as tradições do povo Ryukyu - as ilhas que hoje pertencem ao Japão (Osumi, Tokara, Amami, Okinawa, Miyako e Yaeyama) outrora fizeram parte do Reino de Ryukyu desde o século XV ao XIX. O transporte mais caricato nesta ilha compreende o recurso aos búfalos de água e de carroças especificamente adaptadas ao transporte de pessoas.
Os Mochileiros decidiram percorrer os trilhos a pé e visitar a famosa praia (Kondoi) que estava com maré baixa o que impossibilitava os mergulhos (felizmente!!!), pois tinha que se andar, e andar, e andar, e andar até que a água fosse um pouco mais profunda. O facto de as redes não estarem colocadas também preocupou os Mochileiros, pois aquelas águas super quentes por sinal (esqueçam o Mediterrâneo, as águas do Brasil ou da Tailândia, estas águas são mesmo quentes) mas com bicharada letal que é obra, deixa qualquer um apreensivo em colocar lá os pés. Claro que a Mochileira descalçou-se e pimbas, já o Mochileiro só depois de muito o tentar convencer lá colocou os pés dentro de água. Nestes passeios, de vez em quando ouviam-se comunicados nos altifalantes, como era em japonês e os Mochileiros nada percebiam, não fizeram caso.
Bem, no dia seguinte foram explorar a ilha de Ishigaki, compraram o passe de autocarro e foram visitar Cabira Bay (um dos cenários mais bonitos da ilha), a praia de Sukuji e, por fim, a praia de Fusaki. Todas muito bonitas, mas mais uma vez estranharam que as redes não estivessem colocadas e também o facto de haver poucas pessoas na praia. O cenário mais estranho foi mesmo na praia de Fusaki, sem pessoas, as madeiras do pontão tinham sido retiradas, e redes para nadar nem vê-las. Andavam os Mochileiros felizes da vida a tirar umas fotografias e tal quando começa a chover a potes. Tiveram que entrar para dentro de um resort para se abrigar e quando melhorou decidiram terminar o passeio, pois, apesar de estar quente estavam encharcados.
Durante a estadia, foram a alguns restaurantes em que lhes perguntavam de onde eram. Os Mochileiros respondiam "Portugal" e os japoneses "Ahhh Ronaldo, Ronaldo!". Num dos restaurantes veio à baila quando iam embora da ilha, à qual o chef disse "vem aí o tufão". Mas os Mochileiros, sempre naquela que não devia ser nada!!!
Bem, no caminho da praia para a pensão, iam vendo as pessoas a prender tudo, proteger janelas, varandas, mas na sua ingenuidade julgavam estar tudo bem.
Até que chegaram à pensão e receberam o email que dizia que o vôo para Fukuoka tinha sido cancelado e que o aeroporto estaria encerrado no dia seguinte.
Bem, a Mochileira em pânico dizia para o Mochileiro que iam ficar presos para sempre na ilha.... Após o terror inicial, e como tinham ainda o passe, foram até ao aeroporto e remarcaram o vôo para o dia seguinte ao que era suposto voarem. Passaram no supermercado e abasteceram-se de comida para o dia seguinte, pois, provavelmente não seria boa ideia ir às compras em pleno tufão. Passaram o seguinte dia na pensão até que a chuva e os ventos acalmaram. Também chegaram à conclusão, que as mensagens no altifalante deviam estar a alertar para a aproximação do tufão....
Moral da história: tiveram que alterar um pouco os planos, pois já não puderam ficar a noite planeada em Fukuoka, também foi um dia perdido na ilha, mas pelo menos nessa noite ainda foram comer o bife típico de Ishigaki em que as mesas do restaurante têm grelhadores incorporados e onde puderam grelhar o próprio bife. A ilha felizmente não foi afetada pelo epicentro do Malakas, pelo que no final tiveram muita sorte, não tendo havido grandes danos a registar.
Conselho para os Mochileiros por esse mundo fora: tenham atenção e tentem evitar os períodos em que os furacões são mais frequentes, pois, podem originar situações muito perigosas!