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Mochila Vermelha

Ter | 04.10.16

Outubro: mês amado e temido

O mês de outubro sempre me trouxe um misto de sentimentos, não por si só mas pelo que representa.

 

Os primeiros pensamentos que me ocorrem são relacionados com a família. A minha mãe e a minha irmã fazem anos neste mês. Mais recentemente (quase, quase a fazer um ano) foi o mês do meu casamento, um acontecimento também ele relacionado com a família e com o amor. É também um período de tempo que ocorrem os aniversários de alguns bons amigos. Por tudo isto, simpatizo bastante com este mês.

 

Depois há o sentimento de nostalgia, pelo verão que se despede, as árvores que começam a perder as folhas, o calor que se vai desvanecendo, os dias que vão encolhendo, as roupas e calçado fresco que temos que arrumar. É ainda tempo de vindimas, as azeitonas estão quase boas para apanhar, começam a aparecer as castanhas assadas. Não são coisas más, apenas indicam que o calor já passou e que agora, verão só para o ano (a não ser o de São Martinho lá para novembro).

 

Outubro mês temido porque assim que terminar, mudaremos o nosso relógio para o horário de inverno, o que signigica dias curtos e frios. Se há coisa que detesto é mesmo o frio e os dias curtos. É tão triste sair do trabalho e estar já noite cerrada, parece que perdemos aquela energia e alegria características do verão. Nos dias longos, tenho a sensação (e vontade) de fazer ainda mil e uma coisas antes de ir para casa, como fazer as compras para o jantar, exercício, sei lá, simplesmente estar na rua e desfrutar do resto do dia. Já no inverno, assim que o sol se põe vem aquele frio que gela os ossos e só dá vontade de ir para perto da lareira e para debaixo das mantas. Também detesto vestir muita roupa, pelo que às vezes acabo por passar frio. Tudo bem, muitos poderão pensar, mas em Portugal não faz assim tanto frio! É verdade, existem locais muito mais frios, mas na verdade têm edifícios muito melhor adaptados aos rigores do clima do que os nossos. No fundo, passamos mais frio aqui em Portugal, dentro de casa ou no trabalho, do que em Londres ou em Berlim, por exemplo.

 

E é isto. Até gosto do mês de outubro. Não gosto é do que vem a seguir!

 

Em uma Tarde de Outono


Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

 

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

 

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

 

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...

 

Olavo Bilac, in "Poesias" 

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